A Sociedade Portuguesa da Cruz Vermelha (SPCV), mais tarde designada por Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) foi fundada pelo médico militar José António Marques, iniciando a sua atividade em 11 de fevereiro de 1865, sob a designação de Comissão Provisória para Socorros a feridos e doentes em Tempo de Guerra.
Torres Novas, no início do século XX, foi acompanhando a atividade desta sociedade.
Muitas gentes da terra, assim como várias instituições, foram chamados a apoiar as suas iniciativas cada vez mais frequentes, a inscreverem-se como associados e a contribuírem financeiramente para as atividades a desenvolver. O contexto da Primeira Guerra Mundial viria a ajudar e a acelerar o processo da criação de uma delegação da Cruz Vermelha em Torres Novas.
Também dada a necessidade de se ter nesta vila um corpo de bombeiros, e volvidos 2 anos após a primeira tentativa de o criar (1914), a Delegação da Cruz Vermelha em Torres Novas concebeu uma comissão destinada a criar o dito Corpo de Bombeiros. Porém, também esta tentativa não foi bem-sucedida.
Descrevem-se momentos importantes, que marcam a história desta grande instituição na nossa cidade, bem como alguns dos seus protagonistas.
15 de setembro de 1915 – Sessão preparatória para a criação da delegação em Torres Novas
03 de outubro de 1915 - Sessão de esclarecimento
Aos 3 dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e quinze, nesta Vila de Torres Novas e sala das sessões da Câmara Municipal onde se achavam presentes os cidadãos abaixo assinados, todos residentes neste concelho e membros da Sociedade Portuguesa da Cruz Vermelha reunidos a convite da comissão instaladora da delegação da mesma sociedade nesta vila, pela assembleia foi escolhido para presidir a esta sessão o sócio João Baptista Vassalo e para secretário o sócio Artur Gonçalves, os quais tomaram os seus lugares na mesa, em seguida ao que o presidente declarava aberta a sessão.
Concedida a palavra ao sócio Dr. Álvaro Pereira Bettencourt e Ataíde, meritíssimo juiz do distrito desta comarca, declarou este que em compromisso do deliberado na sessão preparatória de quinze de retardado último se convocara a presente sessão afim de todos os sócios emitirem o seu parecer nos termos do número vinte e cinco do regulamento geral desta sociedade, acerca da criação de uma delegação da mesma benemérita sociedade nesta vila. De seguida expôs à assembleia, as vantagens incontestáveis da referida instalação, conforme o regulamento geral, porquanto, além dos serviços que lhe competirá prestar na previsão de uma guerra ou na eventualidade de qualquer calamidade pública, é de apreciável utilidade em tempos normais em caso de desastres e acidentes de qualquer natureza como incêndios, terramotos, descarrilamentos, etc. Sendo já relativamente elevado o número de sócios residentes neste concelho, de certeza, aumentará logo que instalada a delegação, não devendo, portanto, ser difícil a aquisição de material, de ambulâncias, nem a sua conservação.
Pelo sócio Artur Gonçalves foi informada a assembleia de que a Comissão Executiva da Câmara Municipal por proposta de seu presidente e nosso consócio, Francisco Antunes dos Santos Trincão, deliberou na sua sessão de trinta de setembro findo fornecer casa adequada para instalação da mesma delegação.
Em vista, pois, do exposto, por unanimidade de votos, dos sócios presentes foi deliberado que se solicitará da Comissão Central da Sociedade, a criação de uma delegação nesta Vila de Torres Novas, aceitando o regulamento dos serviços da Cruz Vermelha que se sujeitam a cumprir em todas as suas prescrições.
E para constar e devidos efeitos se lavrou em duplicado esta ata, conforme determina o número vinte cinco do citado regulamento, a qual, depois de ante todos lida em voz alta, vai ser devidamente assinada.
E eu Artur Gonçalves, secretário da assembleia, a escrevi e assino.
(Cfr. Ata 3 de outubro de 1915)
14 de outubro de 1915 – Formalização do pedido para abrir a delegação em Torres Novas
Em harmonia com o disposto no número 25 do regulamento geral da sociedade se reuniram no dia 3 do corrente os sócios residentes neste concelho de Torres Novas e por unanimidade deliberaram os presentes com voto afirmativo, e dos ausentes que puderam ser consultados posteriormente, que se solicitasse da Comissão Central a constituição de uma delegação da Cruz Vermelha nesta Vila.
Incluso remeto a Vª Exª o duplicado da ata de tal assembleia a fim de que se digne empregar os seus bons ofícios para que seja autorizada tal deliberação segundo permitir o disposto no nº 26 do mesmo regulamento geral.
(Cfr. Carta 14 de outubro de 1915)
27 de outubro de 1915 – Lista de membros eleitos para o mandato
Para os devidos efeitos tenho a honra de comunicar a Vª Exª que em reunião da assembleia geral de sócios desta delegação se procedeu hoje à eleição dos seus corpos gerentes, sendo o seguinte o resultado da eleição:
Presidente Dr. Álvaro Pereira de Bettencourt e Ataíde
Secretário Artur Gonçalves
Tesoureiro José Antunes da Silva
Vogais: Dr. Augusto Lopes Mendes e Silva
Dr. Carlos de Azevedo Mendes
Suplentes: Visconde de S. Gião
José Manuel Rodrigues
José António Júnior
António Puga
José Baptista Ramos de Deus
Comissão fiscal:
Efetivos: João Baptista Vassalo
Olímpio José Monteiro
João Maria Lúcio Serra
Suplentes: Padre António de Oliveira
Joaquim dos Santos Vassalo
Ernesto Xavier Rodrigues
(Cfr. Carta 27 de outubro de 1915)
28 set 1918 – Confirmação da existência da delegação (à data)
Em resposta ao telegrama de Vª Exª de 19 do corrente tenho a honra de informar Vª Exª que existe nesta vila uma delegação da Cruz Vermelha.
(Cfr. Carta 28 de setembro de 1918)
1919 – (?) – Extinção da delegação
A delegação de Torres Novas foi extinta, depois de um período intenso de atividade, destacando-se o apoio aos militares envolvidos na Grande Guerra e suas famílias; a ação desenvolvida aquando da gripe pneumónica, e outras atividades como angariação de fundos para apoio aos mais vulneráveis, bem como a aquisição de uma ambulância e outros meios de apoio sanitário, além da formação de enfermeiro(a)s.
Desconhece-se, no entanto, a data concreta do encerramento assim como os seus motivos
4 de maio de 1961 – Pedido de reinstalação da delegação em Torres Novas
Pelo Subdelegado de saúde de Torres Novas, Dr. Augusto de Azevedo Mendes é solicitado parecer à sede nacional da CVP para instalar na Vila de Torres Novas uma delegação da Cruz Vermelha Portuguesa.
8 de maio de 1961
Exmo. senhor Subdelegado de saúde de Torres Novas
Agradecemos o ofício de Vª Exª nº 60 de 4 do corrente, e, em resposta, informamos que esta sede aplaude a iniciativa da criação de uma Delegação da Cruz Vermelha Portuguesa nessa vila. Nesta conformidade, queira indicar-nos cinco individualidades para constituírem a direção que poderá funcionar com um presidente, um Vice-presidente, um secretário, um tesoureiro e um ou dois vogais.
A delegação a organizar-se deverá ter caráter permanente.
Aguardando, a esse respeito, as prezadas notícias de Vª Exª, apresentamos-lhe os nossos melhores cumprimentos,
O chefe da secretaria
José de Campos e Sousa
Tenente
(Cfr. Ofício 8 de maio de 1961)
24 de maio de 1961
Em conformidade com a nota nº 1486 de 23 do corrente mês, informo Vª Exª, que a comissão Delegada da Cruz Vermelha em Torres Novas será constituída pelos Exmos. Srs.:
Augusto de Azevedo Mendes – médico
António Emílio Carneiro de Sousa e Faro – médico
António Alves Vieira – médico
Maria Fernanda da Cruz e Silva – assistente social
José Hernandez da Luz – enfermeiro diplomado
Rogo a V. Exª se digne promover que seja confirmada a nomeação com a possível brevidade e bem assim as indicações necessárias.
A bem da nação, o subdelegado de saúde
Augusto de Azevedo Mendes
(Cfr. Ofício 24 de maio de 1961)
26 de maio de 1961
Referindo-me ao ofício de Vª Exª nº 64, de 24 do corrente, agradeço a comunicação dos nomes das individualidades que vão constituir a direção da delegação da Cruz Vermelha Portuguesa nessa vila, e peço que lhes apresente as minhas saudações com votos de feliz êxito no exercício dos cargos que vão assumir.
Mais peço a Vª Exª que me informe oportunamente da data de posse do Direção e da distribuição dos cargos de presidente, vice-presidente, secretário, e tesoureiro pelos membros da mesma direção, para publicação em ordem e Serviço.
Em separado envio um exemplar do nosso Estatuto e cinco folhetos sobre as Convenções Internacionais da Cruz Vermelha.
Apresento a Vª Exª os meus melhores cumprimentos,
“Inter arma caritas”
O presidente Nacional
Prof. Doutor Leonardo de Castro Freire
(Cfr. Ofício 26 de maio de 1961)
31 de janeiro de 2014 - Reinstalação da delegação – (COMISSÃO ADMINISTRATIVA)
Com a proposta de uma comissão administrativa composta por diversos elementos, e sob o pretexto de criar uma nova valência da Cruz Vermelha Portuguesa em prol dos mais vulneráveis do concelho de Torres Novas (re)instala-se em 31 de janeiro de 2014, de novo, a delegação em Torres Novas, em comissão administrativa.
Decorre nesse ano um conjunto de atividades de carácter social que marcam o início da delegação, designadamente momentos de angariação de fundos e recolha e distribuição de alimentos.
Em fevereiro de 2015, a delegação abre portas na sua sede, tendo a CMTN entregue parte do edifício Maria Lamas na Rua dos Anjos/Calçada do Quebra Costas – Cv/Rc.
Trata-se de um edifício histórico da cidade onde se clama o nascimento da escritora, ativista e jornalista Maria Lamas.
LISTA DE ELEMENTOS QUE FORAM INTEGRANDO A COMISSÃO ADMINISTRATIVA (31JAN2014 - 04FEV2019)
Maria Celeste de Jesus Nunes – Assistente Social
Alícia Salomé Diogo Perez - Psicóloga
Joaquim Manuel Fonseca Conde
Ana Sofia Tomaz – Lic. em Recursos Humanos
Artur José dos Santos Nunes Afonso - Tenente Coronel de Engenharia
05 de fevereiro 2019 – TOMADA DE POSSE DA DIREÇÃO – QUADRIÉNIO 2019 - 2023
Aos 05 dias do mês de fevereiro de 2019, realizou-se a cerimónia de tomada de posse da direção da delegação de Torres Novas da Cruz Vermelha Portuguesa, na sede da delegação a funcionar na Casa Maria Lamas, em cerimónia presidida pelo Exmo. Dr. Francisco George na qualidade de Presidente Nacional da Cruz Vermelha Portuguesa.
A delegação é, assim, formalmente constituída pelos seguintes elementos e com mandato para o quadriénio 2019-2023:
Presidente - Maria Celeste Nunes
Vice-Presidente - Artur José dos Santos Nunes Afonso
Tesoureira – Ana Sofia Tomaz
Vogal – António Silva Perdigão
Vogal – Nuno José Lobo da Silva
Vogal – Nuno José Ferreira Lopes (perda de mandato)
25 de maio 2023 – TOMADA DE POSSE DA DIREÇÃO - QUADRIÉNIO 2023 - 2027
Aos 25 dias do mês de maio de 2023, entrou em funções a nova direção.
A delegação é, assim, formalmente constituída pelos seguintes elementos e com mandato para o quadriénio 2023 - 2027:
Presidente - Artur José dos Santos Nunes Afonso;
Vice-presidente – Olga Maria Correia de Oliveira
Tesoureiro – Rui Miguel da Silva;
Vogal – Maria Marta Gonçalves Afonso
Vogal – Ricardo Manuel Agostinho Ferreira
LISTA DE PRESIDENTES DE DIREÇÃO
DR. ÁLVARO PEREIRA DE BETTENCOURT E ATAÍDE – MERITÍSSIMO JUIZ (1915 –)
Dr. AUGUSTO DE AZEVEDO MENDES – MÉDICO (1961 - )
Drª MARIA CELESTE DE JESUS NUNES – ASSISTENTE SOCIAL - 05FEV2019 a 24MAI2023
TEN. CORONEL ENGª ARTUR JOSÉ DOS SANTOS NUNES AFONSO – desde 25MAI2023
CONDECORAÇÃO DA DELEGAÇÃO
À Delegação Local de Torres Novas da Cruz Vermelha Portuguesa em que concorrem as circunstâncias e merecimentos estabelecidos no artº 61º do estatuto da Cruz Vermelha Portuguesa, aprovado pelo Decreto- Lei nº 281/2007 de 7 de agosto, e no Regulamento das Condecorações da Cruz Vermelha Portuguesa, aprovado pelo Decreto-Lei nº 169/1999 de 19 de maio, foi agraciada por esta instituição com a CRUZ VERMELHA DE DEDICAÇÃO.
Lisboa, Sede da Cruz Vermelha Portuguesa, aos 5 de fevereiro de 2019
Francisco George, presidente da CVP
(Cfr. Diploma/Medalha 5 de fevereiro de 2019)